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© Service of Urdaibai Biosphere Reserve
O estuário do rio Oka, em Espanha, enfrenta alterações paisagísticas decorrentes das atividades humanas e das ameaças climáticas. Os esforços de restauração visam reforçar a resiliência aos impactos climáticos, aumentar a biodiversidade e promover a utilização pública sustentável. As atividades envolvem a recuperação de pântanos, a remoção de barreiras, a construção de lagoas e a erradicação de espécies invasoras.
O estuário do rio Oka está localizado dentro da Reserva da Biosfera Urdaibai, na costa da Biscaia, País Basco, ao norte de Espanha. É uma área de alto valor ecológico. A sua paisagem foi transformada ao longo dos anos por actividades humanas, uma vez que tem sido habitada desde os tempos pré-históricos. As atividades mais importantes que afetam a paisagem do estuário foram a agricultura, a criação de gado e um estaleiro naval. Embora os dois primeiros tenham praticamente desaparecido, a atividade dos estaleiros ainda está em curso, embora com menos intensidade do que nas décadas anteriores. Algumas atividades, como a construção de um canal no estuário superior, levaram o ecossistema a perder parte de sua funcionalidade original. A recuperação do estuário superior do rio Oka visa recuperar algumas das funções ecossistémicas perdidas.
As alterações climáticas aumentarão a pressão sobre este frágil ecossistema. Prevê-se que as temperaturas aumentem e que a precipitação anual diminua, enquanto a intensidade e a frequência dos fenómenos de precipitação extrema podem aumentar. Tal afetará os regimes hídricos, aumentando o fluxo fluvial e o risco de inundações, bem como a erosão da bacia, o fluxo de sedimentos em suspensão na zona do estuário e o risco de entupimento dos canais fluviais das marés. A subida do nível do mar e o aumento previsto da intensidade e frequência das tempestades marinhas podem conduzir à erosão da zona intermarés e supralitoral da praia, como já se verificou em algumas zonas, bem como a um aumento da erosão dos pântanos do estuário. O estuário do rio Oka não pode adaptar-se totalmente às alterações climáticas, em especial devido à presença de barragens e outras barreiras artificiais ao longo do seu curso. A restauração do estuário superior do rio Oka procura melhorar a sua capacidade de adaptação através da remoção de diques e outras tipologias de barreiras e da recuperação de pântanos anteriormente existentes.
Descrição do estudo de caso
Desafios
De acordo com as projeções relativas às alterações climáticas incluídas na «Estratégia do País Basco em matéria de alterações climáticas para 2050», prevê-se que a temperatura média anual e sazonal e a ocorrência de ondas de calor aumentem. Durante os meses de inverno, prevê-se que as temperaturas mínimas aumentem entre 1 e 3o C até 2100, enquanto durante os meses de verão pode ocorrer um possível aumento de 3o C até o final do séculoXXI em temperaturas máximas. Devido a estas mudanças, espera-se ondas de calor mais longas e mais recorrentes até o final do século. Prevê-se uma diminuição da precipitação, especialmente na primavera, que varia entre -10 % e -30 % até 2100. Prevê-se igualmente um aumento dos fenómenos de precipitação extrema até 30% até ao final do séculoXXI, com o consequente aumento do risco e do perigo de inundações.
Na mesma «Estratégia do País Basco para as Alterações Climáticas 2050» é igualmente mencionado que o nível do mar deverá aumentar entre 29 e 49 cm até 2100, aumentando ainda mais o risco de inundações no estuário da reserva. Além disso, as alterações climáticas aumentarão a intensidade e a frequência das tempestades marinhas, responsáveis pela erosão da zona intermarés e supralitoral da praia. Este processo já está a acontecer em algumas áreas. Por exemplo, a praia de Laida, que semiconfina o estuário, sofreu forte erosão devido às tempestades que ocorreram em 2014 e, consequentemente, a zona supralitoral desapareceu, com danos nas infraestruturas de acesso, muros de quebra-mar e canalização, bem como limitação à atividade recreativa.
Tendo em conta as atuais pressões relacionadas com o clima e as geradas pelas futuras alterações climáticas, nos próximos 50 anos será necessário continuar a trabalhar na renaturalização do estuário do rio Oka, incluindo a remoção de barreiras artificiais que limitam atualmente a extensão do estuário e a recuperação do pântano anteriormente existente. Tal melhoraria a capacidade de adaptação autónoma do ecossistema do estuário.
Contexto político da medida de adaptação
Case partially developed, implemented and funded as a climate change adaptation measure.
Objetivos da medida de adaptação
Os principais objetivos das ações executadas no estuário superior do rio Oka são os seguintes: i) Melhorar a resiliência dos ecossistemas estuarinos aos impactos das alterações climáticas, como a subida do nível do mar e as alterações do regime hídrico; ii) Aumentar a biodiversidade local graças à recuperação de parte da funcionalidade do ecossistema; iii) Aumentar a utilização pública sustentável do espaço natural da reserva da biosfera de Urdaibai.
Opções de adaptação implementadas neste caso
Soluções
No estuário superior do rio Oka foram implementadas atividades de restauração destinadas a recuperar os pântanos anteriormente existentes, incluindo a inundação permanente da zona do Barrutibaso, parte do estuário superior. Além disso, foi recuperada a funcionalidade de parte do canal intermarés original da secção inferior do rio Oka. Como parte destas atividades de restauração, alguns dos diques e outras barreiras artificiais foram removidos para melhorar a renaturalização do estuário, enquanto aterros foram construídos para criar lagoas que se tornarão zonas intermareais no futuro. A recuperação de pântanos anteriormente drenados por razões sanitárias pode ajudar o estuário a enfrentar as alterações climáticas. Os pântanos, além de protegerem contra os efeitos da subida do nível do mar, desempenham um importante papel ecológico, proporcionando novos habitats a várias espécies de anfíbios e aves e melhorando a sua capacidade de adaptação. Além disso, a presença permanente de água salobra favorece a eliminação de algumas espécies invasoras (por exemplo, Baccharis halimifolia).
O projeto de restauração incluiu igualmente outras intervenções e atividades:
- A construção de uma rede de caminhos de 14 km e de uma ponte pedonal e ciclável que ligue os municípios vizinhos entre si e ao estuário do rio Oka, com o objetivo de facilitar uma visita sustentável à zona;
- O desenvolvimento de ferramentas para a educação ambiental, sendo a mais notável uma aplicação para smartphones que fornece informações sobre os habitats, as espécies e a cultura da zona. Além disso, foram instalados painéis que fornecem informações no local sobre habitats e espécies locais.
- Erradicação de espécies invasoras (como Baccharis halimifolia e Cortaderia selloana)numa área de aproximadamente 700 ha do estuário.
Detalhes Adicionais
Participação das partes interessadas
O projeto de restauração do estuário superior do rio Oka incluiu a organização de várias reuniões com diferentes partes interessadas, como os municípios localizados na zona, os proprietários de terras e as associações ambientais. Participação das partes interessadas com vista à definição de objetivos comuns. Além disso, realizaram-se conversações informativas com a sociedade civil nas câmaras municipais e foram desenvolvidas atividades recreativas para divulgar o projeto e aumentar a sensibilização para a adaptação às alterações climáticas.
Sucesso e fatores limitantes
A recém-construída rede de vias facilitou a ligação de diferentes municípios através de transportes sustentáveis (bicicleta e caminhada). Para além de melhorar a utilização pública sustentável da zona do estuário, contribuiu também para aumentar a sensibilização para o projeto de restauração.
Alguns dos municípios incluídos na zona em que as medidas de restauração foram aplicadas não participaram no projeto, o que constitui uma limitação ao seu desenvolvimento completo. Por conseguinte, algumas fases do projeto (principalmente a remoção de algumas barragens) ainda não foram implementadas.
Além disso, o sentimento enraizado de apropriação das pessoas na zona a restaurar dificultou a execução de algumas das atividades do projeto. A Lei Costeira de 1998 estabelece uma área de 100 metros de largura em ambos os lados do rio, onde os proprietários de terras podem fazer objeções às ações previstas. Por este motivo, algumas ações incluídas no projeto de restauração ainda não foram executadas. No entanto, prosseguem as negociações para garantir a execução da totalidade do projecto.
Custos e benefícios
O projecto foi totalmente financiado pelo Departamento de Ambiente, Ordenamento do Território e Habitação do Governo do País Basco. O montante global do orçamento do projeto é de cerca de 2,5 milhões de euros.
Aspectos legais
A Lei espanhola n.o 42/2007 relativa ao património natural e à biodiversidade apoia a execução do projeto de restauração do estuário superior do rio Oka, uma vez que, entre os seus objetivos, inclui a conservação, a utilização sustentável, a melhoria e a restauração dos ecossistemas e habitats naturais. A Reserva da Biosfera de Urdaibai situa-se no País Basco, onde a administração local definiu várias estratégias e planos que promovem este tipo de obras de restauração, incluindo, em especial, a «Estratégia do País Basco para as Alterações Climáticas 2050», o Programa-Quadro para o Ambiente 2020 e a Estratégia de Biodiversidade.
Tempo de implementação
A aplicação das medidas de restauração teve início em 2010 e está ainda em curso. A maioria das medidas foi implementada, enquanto poucas aguardam autorização do Ministério espanhol, como no caso da remoção de diques no estuário superior.
Vida
As medidas implementadas destinam-se a ser permanentes, se a manutenção necessária for assegurada.
Informações de referência
Contato
Paula Caviedes
Department of the Environment, Planning and Housing of the Basque Government
Service of the Urdaibai Biosphere Reserve
E-mail: p-caviedes@euskadi.eus
Referências
Publicado em Clima-ADAPT: Apr 11, 2025
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Documentos de estudos de caso (1)
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